quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

O último suspiro

                                                                                                           por Betânia Lopes

Acordo assustada e logo me deparo com olhos inquietos me fuzilando, eram rostos conhecidos que me olhavam de uma forma tão intensa que podia enxergar a dor através de suas pupilas. Sentia dor, que atravessava o corpo e chegava na alma. Como se pouco a pouco fosse tirado uma parte de mim, de meu eu.

Fazia algum tempo que estava ali, deitada naquela maca . Esperando  que a dor se sessasse, no momento em que meu coração parasse de bater.

Trazia no corpo a crueldade dos anos que me castigaram. Deixando apenas as profundas rugas, os cabelos brancos...Simbolizando sua inevitável presença. Mas então qual seria o verdadeiro sentido da vida? Seria ... Focar nos estudos para conseguir um bom emprego, depois trabalhar bastante para logo descansar na aposentadoria, e por fim... gastar todo seu dinheiro em remédios e ver-se morrendo aos poucos? Ou seria fazer tudo isso, porém, com sabedoria? Pois não basta viver, tem que saber viver. Aproveitar cada momento como único, pois é isso que ele é... único. O tempo é traiçoeiro e num piscar de olhos ele se vai, deixando como rastro o pretérito imperfeito  quando se referem a você.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

O sepulcro da castanheira


           Por Betânia Lopes

Estávamos reunidos naquela tarde para nos despedirmos de nossa tão querida amiga, ela que nos proporcionou tantas alegrias. E agora se tornara um ser sem vida, irreconhecível aos olhos de quem um dia a vira radiante. Proporcionando-nos orgulho apenas com sua presença, seus frutos... Ahh seus frutos... A tão saborosa castanha- do- Pará.
Ao pensar que tudo começou com uma sementinha, que germinou até se formar na mais formosa castanheira. E morrera assim... Sem mais nem menos, só depois descobrimos que estava morrendo aos poucos, apodrecendo-se e gritando por socorro em seus gritos abafados. Até que enfim... Despencou. Chocando-se contra o chão, deixando a poeira fluir no ar.
Um tempo depois desse episodio, andando por aquela região, não me contive em olhar onde um dia estava ‘’A castanheira’’ avistando ali... Um brotinho! Meus olhos se encheram de lágrimas, pois minha amiga se fora, mas deixara um broto de vida, de pura esperança.                    

Primeiro amor



Por Betânia Lopes
A brisa suave bagunçava levemente meus cabelos, que eram arrumados incansavelmente por ele. Pondo-os delicadamente atrás de minha orelha. Fazia algum tempo que estávamos ali, sentados em um dos bancos do refeitório. Ele em sua timidez me fuzilava com os olhos, esperando ansioso por sua resposta. Deixando transparecer seu nervosismo, ansiedade... Eu, trazia no peito a insegurança, que era coberta por meu leve sorriso. Qualquer palavra pronunciada mudaria por completo nossas vidas. Sabia que não apenas os meus, mas os seus sentimentos também estavam em jogo.
O vento vagarosamente ficava mais forte, levando consigo todo o meu medo de amar, todas as incertezas, insegurança. Deixando em meu rosto um largo sorriso, recheado de um sim, que saiu de minha boca tão suave e branda... Não deixando duvidas do quanto o amava.
Agora não tinha apenas um, amigo, irmão, companheiro... Tinha um menino que podia chamar de meu.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Mente Humana


                                                                                                                      Betânia Lopes

Em meio às maravilhas da natureza, cada ser possui sua defesa, seguindo o lema natural ‘’A vida é dos mais fortes’’. Alguns contem  chifres, garras, força, velocidade...
Contudo existe uma defesa diferencial a qual tem a capacidade de ser fascinante e perigosa ao mesmo tempo. Quem é ela? Mente humana. Nós seres humanos somos dotados de uma inteligência surpreendedora a qual faz de nós quem somos. Ela (mente humana) como todas as coisas, se for usada de maneira ciente, pode nos promover grandes benefícios, porém usada de maneira tola provoca desastres.
 O que seria de nossa espécie sem nosso raciocínio?Provavelmente estaríamos em extinção, seríamos seres indefesos submetidos aos perigos de nosso redor. Porém a defesa que temos é melhor do que qualquer uma já vista, pois temos o privilégio de raciocinar, o que faz com que dominemos a natureza. Ao contrario dos que nascem com suas defesas, nós a construímos de acordo com nossas necessidades. Podendo descer nas profundezas dos mares, sermos mais rápidos do que qualquer um e voar ultrapassando o horizonte até chegar ao espaço.
Através de nossa mente, passamos a ter sentimentos. Muitos cometem o erro ao dizer que o coração é responsável pelo amar. Na verdade tudo esta interligado ao nosso cérebro, ele é o nosso eu. A verdade é tanta que; Se uma pessoa saudável passa a sofrer distúrbios mentais ela deixa de ser ela. Não literalmente, mas perde a razão, não responde por seus atos, como se fosse outro ser.
Porém muitas das vezes nosso racional (capacidade de raciocinar), nos leva a sermos piores do que seres irracionais, nos levando a sermos tão ‘’animais’’ quanto eles.
Mas... O que leva um ser humano a torturar, roubar, ferir, matar uma pessoa? Seria trauma, incompreensão, falta de amor? Acredito que nenhuma das alternativas citadas seja a correta. Muitos tentam se argumentar dizendo ‘’Foi sem querer’’ ou ‘’Estava fora de mim’’. Acreditando que as responsabilidades de seus atos não lhes pertencem.
Nascemos em carta branca, sem conhecermos o que é certo e errado. Dotados de uma memória limpa, pronta para armazenar o que lhe for passado, desta forma arquivamos o que passa diante de nossos olhos e ouvidos independentemente de serem coisas boas ou ruins. Aí que mora o grande perigo, o que esse pequeno ser passa a escutar e ter contato é o que ele provavelmente se transformará na fase adulta, pois ele vem ao mundo apenas fisicamente pronto, porém mentalmente é sob a influencia da sociedade.                                                                                                                  

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

O futuro prefeito


Betânia Lopes
Um trovão anuncia a enorme chuva que esta por vim, trazendo um vento que chega varrendo as ruas de Acrelândia. Uma massa de nuvem cobre a radiante lua crescente que brilha ilustre como só ela, no céu que passa a escurecer com as nuvens carregadas. A chuva passa a cair tão brusca e violenta que chega a provocar ardor aos seres que estão à mercê de seu domínio.
Garnisé, um galo conhecido na cidade por perambular nos canteiros e hortas, acabar com a plantação e sair sem dar satisfação, chega todo molhado em um prédio, onde estava ocorrendo um debate de candidatos para a disputa da prefeitura. Ele entra na sala de reuniões todo faceiro, e vai logo dizendo:
- Quero ser prefeito!
Todos na sala olharam pra ele espantados, e um dos candidatos pronunciou:
- O que você disse?
-Quero ser prefeito, ora bolas. – Disse o galo em tom superior
Ouvem-se gargalhadas da sala, e o candidato pergunta ao galo não se contendo com o riso.
- Qual o seu nome, Sr. galo? – Disse ele não se aguentando de rir.
O galo fuzilou o candidato com os olhos e disse:
-Me chamo Garnisé Pinto.
-Então Garnisé..
- Garnisé não! Seu garnisé pro senhor.
-Certo seu Garnisé... De onde tirou a ideia de ser prefeito?
- Acho que ele comeu muito milho – Disse outro candidato em tom de deboche.
O galo olhou o candidato de baixo a cima e disse:
- Mais respeito senhores, caso contrario vão ter que se resolverem com o IBAMA.
A sala ficou em silencio, que foi interrompido por um candidato que exclamou:
- Esta bem Sr Garnisé, mas diga-me de onde tirou essa ideia louca de ser prefeito?
Garnisé disse então com a maior da metidez:
- Oras, se a Chiquinha do botequim, o Zé da mercearia e o Geraldo da peixaria, se candidataram... Porque eu Garnisé Pinto, o galo mais conhecido da cidade não posso???

Tirando a roupa


Betânia Lopes
  Fim de uma tarde de domingo. O sol esta a se por, trazendo uma leve neblina, que de mansinho passa a engrossar transformando-se em chuva, lavando as ruas de terra de Acrelândia até as transformarem em lama, em pleno caos. Um vento chega rodopiando entre as casas, fazendo que suas janelas e portas choque-se contra a parede que logo são fechadas por seus moradores.
  Encontrava-me perto de minha residência, e precisei apertar o passo para tentar inevitavelmente não me molhar; quer dizer - Chegar em casa menos molhada, pois já havia tomado um banho de chuva, estava toda ensopada. Ao chegar em casa, senti algo estranho -  Talvez apenas um pressentimento... Abaixei a cabeça... Ao levantar adivinha com o que me deparo...? Com o meu vizinho a tirar a roupa!!! É isso mesmo querido leitor... Ele estava tirando a roupa, tirava cada peça debaixo daquela chuva, até que enfim a tirou por completo. Minha reação foi de tamanho espanto que ao vê-lo, dei um grito e comecei a correr com a intenção de tirar as minha também, as quais ele me ajudou. Tinha que tirá-las do varal, caso contrário molhariam. Essas chuvas... Chegam sem avisar e nos pegam desprevenidos. Ao tirar a última peça do varal, a chuva já se fora, indo na mesma intensidade que veio, começando que mansinho até sair por inteira, deixando um clima abafado no ar, como marca de sua vinda o inevitável lamaçal.

Um mico no calçadão



Betânia Lopes

Finalzinho de agosto, a população já estava desiludida, pois até então a programação mais quente do ano ainda não acontecera, o arraial – É isso mesmo... Nossa festa junina, ou seria melhor agostina?  Isso não sei dizer, pois se não é, deveria ser. Mas o que importa é que apesar de tudo o grande dia chegara. A população estava eufórica, pois esse é considerado o evento do ano. O calçadão, um dos lugares mais visitados de nossa cidade, onde os amigos se encontram nos fins de tarde para uma caminhada ou até mesmo uma corrida, agora se encontrava repleto de bandeirinhas, e crianças correndo entre os adultos, seguindo o forte cheiro de pipoca que estava no ar.
Seu Zezé, um senhor já de idade, chega ao arraial e logo se dirige a banca de bebidas, onde se depara com um homem sentado em uma cadeira em frente a barraca,  na verdade parecia que fora jogado naquele lugar:
 - Deve estar embriagado. – Pensou Zezé
O homem usava um chapéu largo na cabeça, o qual cobria seu rosto por inteiro, usava roupa caipira e estava de braços cruzados. Seu Zezé ao vê-lo logo disse:
 - Licença senhor. Gostaria de uma bebida.
Porém não escutou nada em resposta.  Zezé fuzilou o sujeito com os olhos e repetiu:
 - Senhor, uma bebida por favor...
 Nada ainda.  Zezé resolveu então elevar a voz:
- Rapaz eu quero uma bebida, por favor.
E virou de costas esperando que buscasse sua bebida. Mas ao virar de encontro com ele, percebera que o sujeito nem se quer saiu do lugar.
Seu Zezé olhou para o rapaz e disse rangendo os dentes:
– Cara eu estou falando com você!! Levanta essa cabeça e olha pra mim! Você poderia buscar uma bebida ?
 O sujeito continuava na mesma. Não fazia ruído e não mexia nenhum músculo  Um casal de namorados passa por eles e começam a rir. Logo passam duas moças e uma cochicha com a outra:
- Ele é louco!
 Isso deixou seu Zezé mais entediado, agora todos estavam olhando pra ele e rindo. Seu Zezé disse com uma voz cortante ao sujeito:
- Senhor... Uma bebida, por favor!
Ao ver que o sujeito o ignorava por completo, e o deixou em uma situação de desconforto, pois todos os olhavam, disse barbaridades ao homem  e lhe deu um pontapé. Se assustando ao ver que o sujeito caia lentamente até se chocar contra o chão, revelando sua identidade, pois ele não se passava de um espantalho.  Seu Zezé viu todos aqueles olhos olhando em sua direção, e sentiu um enorme constrangimento. Pegou o chapéu do espantalho. O colocou na cabeça. Deu um leve sorriso as pessoas que o olhavam e saiu rapidamente dali.
                                                                                                    

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Não era pra dar certo


NÃO ERA PRA DAR CERTO
Seis e quarenta de uma tarde de sábado. Céu nublado. Dia sem cor. Estava a uma quadra de casa, quando veio como um raio a lembrança: - é hoje?!
Apertei o passo e comecei a correr.
Era o dia do casamento de minha irmã, no qual era madrinha, e não podia me ausentar em hipótese alguma.
- como pude esquecer... ?!
Quanto mais corria parecia que mais distante ficava, acelerei e ... puff! Cai, machuquei a perna e quebrei o salto. Continuei andando até chegar em casa mancando. Quando procurei pela chave da casa – cadê? Não estava na bolsa... só podia ter caído quando ocorreu o acidente. Voltei pelo trajeto e a encontrei. Ao chegar em casa fui direto tomar banho, tinha que me apressar. Na metade do banho a água acabou. – aff. Estava toda ensaboada. Depois na hora de me vestir, procurei por minha blusa, a favorita. Revirei tudo, deixei a casa de pernas pro ar, e não encontrei. Sentei na cadeira com a cabeça entre as mãos. Olhei pra frente. Suspirei e avistei toda molhada no varal, o sangue ferveu na veia, mas me contive.
Quando fui vestir a calça, ela simplesmente não quis entrar, a usara na semana anterior, e ela cabera perfeitamente, agora parecia que tinha vida própria. Deitei na cama e a puxei.
- que sufoco! Mas consegui. Fechei o zíper e abotoei. Ufa... levantei da cama e plafft!!! A calça rasgou, tentei manter o equilíbrio estava “pé da vida”.
Enfim, terminei de me arrumar, quando cheguei na porta pra sair, adivinha? Começa a chover. Peguei meu guarda-chuva, e sai debaixo daquela tempestade. Antes de chegar na primeira esquina deu um vento que virou meu guarda-chuva, ele havia quebrado. Em um descuido meu o vento tira de minhas mãos e o leva consigo.
Agora estava eu, debaixo daquela chuva, sem nenhum tipo de proteção, toda molhada. -So me falta agora ser acertada por um raio. No mesmo instante ouço um trovão.
- É, devemos tomar cuidado com as  palavras.
Resolvi  então de uma maneira precipitada apertada o passo.
 - Pra quê? Foi só fazer o ato e tibum!!! Cai de bunda na lama. Essa nossa região norte! Essas ruas de Acrelândia!!!. Quando chove e a água passa nas ruas sem revestimento, sem asfalto, é lama ao certo.
Me encontrava agora toda molhada, suja... , mas estava determinada a ir, depois de tudo que passei... simplesmente não podia desistir. Ao chegar na igreja parecia uma alma penada, mas... havia algo de estranho, não havia ninguém ali.
 - Tarde de mais? Não é possível!!!!
Tentei me informar e descobri que a festa só seria no domingo... ... ataque nervoso em 5...4...3...2...1 puft! – Quem apagou a luz?
 Poxa vida só me faltava essa, acabou energia! Me encontrava em uma escuridão sem fim, quando ouço um barulho... Ghrumm – O que foi isso? Ghrumm...Wouf! wouf! Me deparava agora com dois olhos brilhantes – Aahhh! Um cachorro!!! Agora eu corria desesperadamente em meio a escuridão. Ahh sim ... e com uma fera atrás de mim! Quando de repente Ploft! Bati a cara no poste e tibum no chão – Ahaai, quem colocou esse poste aqui???
Minha situação agora era lastimável. Meu objetivo? Chegar em casa viva.
Me levanto toda lameada, pelo menos parou de chover, dói cada parte do corpo. A cabeça pesa... e o cachorro? Vlump! O cachorro pula em cima de mim ... Slug, slug, slug – Argh, que nojo, sai cachorro nojento! O cachorro me lambia desenfreadamente, derrepente ... Xiiiiz – não acredito. Essa criatura maligna passa a urinar em mim! Quando de repente ... Poomn! Vejo uma moto em alta velocidade vindo em minha direção – Ops, não é uma moto ... é um ... caar ... Pow!!!
É... não era uma moto, era um carro com um dos faróis quebrado.
Perai? Porque eu estou voando? E aquela luz? Será que eu ... ? eu só queria ir pra uma festa...
- Ao menos estou subindo, não sinto mais dor nenhuma... ai que alivio, posso voar! Mas cadê minhas asas? Fiiiiiiiiiiiwh. Estou  caindo!!! Mas se estou morta pra onde vou?... Se não vou pro céu ... só me resta... Ahh não!Adeus mundo cruel!!!Tic...Tic...Tic...Acordo assustada. Sinto algo gélido e percebo que há uma goteira em cima de minha cama a qual me chapisca o corpo todo. Ahh, que alívio. Tudo não passou de um sonho, um grande pesadelo. É agora tenho que me levantar... Mas tarde tenho que ir...Bom melhor não. Prefiro não arriscar.
                                                                                                                     Betânia Lopes

Fase regional



  Encontro-me com uma felicidade enorme querido leitor, pois na tarde do dia 17 de outubro recebera a noticia que fui classificada para a quarta etapa das olimpíadas de língua portuguesa, passando agora para a fase regional. Confesso que foi de tamanha grandeza minha surpresa, pois não esperava tal classificação. Ao pensar que estou representando o estado do Acre... E agora que consegui chegar onde estou não pretendo desaponta-los, muito pelo contrário. De minhas intenções, uma delas: É mostrar que o Acre tem seu valor, sendo repleto de pessoas que conseguem sucesso através da humildade, sem a indevida necessidade de ''passar por cima de alguém''.

Olimpíada de língua portuguesa - Fase regional



A faixa da Olimpíada









Meu blog

Olá, meu nome é Betânia Lopes sou fundadora desse blog, entre que a porta esta aberta e fique a vontade.
Aqui você vai se deliciar com crônicas dos mais variados estilos, espero que encontre o seu e boa leitura